DCEC: Semana de 12 a 18 de agosto de 2024

Enquanto estávamos em Adão, vivíamos pela nossa alma, por aquilo que pensávamos ou sentíamos. Mas quando nascemos de novo, o Senhor trouxe vida ao nosso espírito, não anulando a nossa alma, e sim colocando-a no lugar, através do Espírito Santo que trabalha para nos conformar à sua imagem e vontade. A questão agora é como ele vai fazer essa transformação em nós, o que pode ser observado no texto de 2 Coríntios 3:18.

“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.”

Qual o contexto deste versículo? Paulo estava falando sobre Moisés, especialmente sobre o episódio em que ele esteve na presença de Deus e por isso seu rosto resplandecia. O interessante é que saindo da presença do Senhor, essa glória desvanecia com o passar dos dias; mas não é assim conosco. Agora que o Espírito Santo veio habitar em nós, a glória de Deus em nossas vidas já não se desvanece mais, pois contemplando diariamente ao Senhor, somos transformados de glória em glória, ela só aumenta à medida em que o contemplamos.

E o que significa contemplar? No contexto do versículo que lemos, contemplar significava pernoitar ou se hospedar em algum lugar, neste caso o templo, que é a habitação de Deus. Assim vemos que contemplar ao Senhor quer dizer conhecê-lo em sua intimidade, passar tempo com Ele. Hoje nós somos sua habitação, então contemplar não significa ver a Deus com os nossos olhos ou visitá-lo em um local específico, mas nos voltarmos para o Espírito Santo que habita em nós, tendo revelação no espírito. Se não tivermos a revelação de quem Ele é, não podemos contemplá-lo.

Mas por que Paulo utiliza a figura do espelho? Apesar de não sabermos exatamente o que ele quis dizer, podemos pensar que neste espelho espiritual, enquanto vemos ao Senhor, vemos também a nós mesmos; conforme olhamos para Ele em toda a sua grandeza, vemos o quanto somos pequenos e imperfeitos. A distância que há entre nós e o Senhor é o que nos leva ao arrependimento. O arrependimento não é sentar com alguém e convencer aquela pessoa de que ela é pecadora, mas quando alguém vê a Cristo, percebe quem realmente é, e então se arrepende. Isso acontece no primeiro dia da conversão, mas ao longo de toda a nossa vida, como que de glória em glória.Agora, uma outra palavra que deve ser destacada no trecho que lemos, é “imagem”. Uma imagem pode expressar diversos significados, como emoções, ideais, valores. Mas a imagem também pode representar um ídolo. E qual seria a relação de uma imagem com o tema da contemplação? Se voltarmos até o momento da criação, em especial na tentação, vemos que Satanás tentou arranhar a imagem do Deus perfeito, gerando desconfiança no coração do homem, como se Deus estivesse escondendo algo ou não quisesse o melhor para Adão e Eva. Assim, no momento em que a imagem de Deus foi distorcida, a serpente imprimiu uma outra imagem no lugar: a imagem do homem, agora poderoso e independente de Deus. O homem se tornou o seu próprio ídolo!

Vocês lembram quando Deus deu uma ordem a Saul para que destruísse totalmente os amalequitas? Sabemos que ele desobedeceu, poupando o rei e ainda trazendo alguns animais para sacrificar. Mas quando Samuel o repreende, Saul se justifica dizendo que os trouxe como uma oferta a Deus, ou seja, o que ele estava querendo dizer é que Deus lhe deu uma ordem, mas ele fez melhor do que Deus. Logo na sequência, Samuel declara que a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como idolatria. Não podemos ser obstinados, pensando que sabemos de tudo e tendo convicções tão fortes, que nem mesmo Deus pode nos dizer o contrário.

Um fato curioso sobre a palavra “imagem”, é que ela aparece apenas uma vez no novo testamento, se referindo ao dinheiro, justamente quando Jesus é questionado sobre os tributos que deveriam ser pagos a César. Isto ocorre porque o dinheiro também pode se tornar um ídolo, o amor ao dinheiro. Se lembrarmos do encontro do Senhor com aquele jovem rico, vamos perceber que ele idolatrava a riqueza, uma vez que se negou a abrir mão dela para seguir a Jesus; episódio que contrasta com a história de Zaqueu, que apesar de também possuir muitas riquezas, antes que o Senhor lhe pedisse qualquer coisa, decidiu abrir mão de tudo para segui-lo!

Mas como fazemos para, como Zaqueu, abandonar um ídolo? Como desconstruir uma imagem? Em João 6:40 vemos que a vontade de Deus é de que todo aquele que vê o Filho, tenha a vida eterna. Não há outra forma de andar com o Senhor, se não for contemplando a Cristo. O Espírito Santo trabalha, primeiro, repondo a imagem de Deus, agora em Cristo – que é a imagem do Deus invisível. Ao mesmo tempo em que Ele revela quem nós somos, à medida em que vemos os atributos de Deus e quem Ele é. Há situações da nossa vida em que precisamos enxergar quem nós somos, para desmanchar o ídolo de que o conhecimento do bem e do mal pode nos levar a algum lugar. O que nos aproxima da vontade de Deus é o discernimento que recebemos em nosso espírito; a visão de Cristo gera uma entrega total, um amor a Ele acima de qualquer outra coisa!

Vocês já ouviram o ditado “o amor é cego”? Ele pode até fazer sentido no contexto dos seres humanos, mas com Deus não é assim! Pelo contrário, quanto mais o contemplamos, mais o amamos. Se eu não enxergar a beleza e o amor do Senhor, vou olhar para as coisas do mundo e suas falsas belezas. Nós nos tornamos aquilo que contemplamos! O que você tem contemplado? Lembre-se de que vale a pena contemplar ao Senhor hoje para que ele gere vida em seu espírito! Mas somente o Espírito Santo pode nos levar a uma verdadeira contemplação de Cristo. Aproveite o tempo de igreja na casa para contemplar ao Senhor, pelo espírito, e ser liberto de quaisquer ídolos que estejam tomando o lugar de Deus em sua vida.

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