TESTEMUNHO DOS PAIS
Carlos Augusto e Maurien
Carlos e eu nos convertemos com 16 anos nesta congregação, casamos e tivemos duas filhas, Caren e Carolina, que foram consagradas ao Senhor desde sempre. Com temor de Deus as criamos e educamos conforme aprendemos com a Palavra de Deus principalmente no discipulado mas também com conselhos de irmãos e ainda muitos livros indicados principalmente pelo Telmo. Estávamos seguros que tudo ia bem no Paraíso. Entretanto a serpente estava esperando o momento certo para dar o bote.
Em 2004 quando a Caren entrou para a faculdade nos disse que queria dar um tempo para Deus pois estava questionando algumas coisas e não queria ser hipócrita. A partir deste momento ela não queria ouvir falar no nome de Jesus e não queria ouvir falar que Deus existia. Meses depois a Carolina pegou carona e o caos se instalou em nossos corações. Nosso chão se abriu, incertezas e dúvidas tomaram conta dos nossos pensamentos. Nossa casa estava sendo violentamente sacudida e saqueada. Cada vez que tentava falar de Jesus com a Caren eu saia mais ferida ainda e ela se tornava mais distante. A Carolina ainda aceitava que orássemos e podíamos dizer alguma coisa, mas a Caren ficou arredia por muito tempo. Mas uma casa onde tem fundamento resiste ao mais violento temporal.
Aprendemos a nos calar e ganhar em silêncio, pois a fase de testemunhar, ensinar a Palavra com a catequese passou, elas já eram maior de idade. Amar incondicionalmente mas com regras, pois moravam em nossa casa e dentro de casa éramos autoridade, descobrimos quanto de nós e o quanto de valores que ensinamos estavam presentes na vida delas. Elas são nossas filhas, independente de suas escolhas; o respeito e admiração continuavam presentes.
Como casal precisávamos andar em unidade e discernimento espiritual, precisamos de muitos conselhos para as situações que se apresentaram ao longo dos anos, pois eu pensava de um jeito e o meu marido de outro, para algumas situações eu me submeti e não me arrependi disto, em outras situações ele buscou conselho e se submeteu. O importante é andarmos em unidade. Buscamos e recebemos muitos conselhos, que nos ajudaram a recobrar a estabilidade.
A PRIMEIRA FASE – O manto negro da culpa
Culpa e acusação vieram para nos atormentar nesta fase. Para mim a figura que representa muito bem o sentimento de culpa é trevas, pois ela vem apagando toda alegria, trazendo muita incerteza causando apenas dor.
Em Provérbios 21:8 diz: “Tortuoso é o caminho do homem carregado de culpa, mas reto, o proceder do honesto”. Precisávamos nos livrar deste manto escuro para seguirmos adiante com o Senhor. Mas afinal aonde eu errei? Os irmãos perguntavam isso para nós, pois não queriam cometer o mesmo erro com os seus filhos, outros apenas diziam: – vocês erraram. Me lembro da passagem de João 9: 1-3 que diz: “Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.”. Nossa oração era para que o Senhor nos mostrasse a causa de tudo isso a fim de nos arrependermos e trazê-las de volta para o caminho. Confessaríamos qualquer pecado que fosse, pois a humilhação e a vergonha já estavam presente. Fomos descobrindo ao longo dos anos que erros todos cometemos na melhor das intenções, inclusive os pais de filhos que nunca se afastaram, não existe um pai perfeito, melhor dizer, não existe nenhum homem perfeito (exceto Jesus) conforme está nas escrituras. O que importa é se as nossas atitudes foram tomadas pela fé na Palavra de Deus, não num método de homens mas como princípio de Deus, aplicado para dar Glória à Deus. Deveríamos continuar com um coração sincero em obedecer a vontade de Deus para Sua Glória. Deus, como nossa maior referência de Pai, ao criar Adão deu tempo de qualidade para ele, se
falavam todos os dias, Deus supriu Adão de tudo oque precisava, nada lhe faltava, foi dado várias tarefas, foi colocado apenas um limite, não temos qualquer dúvida de que era um Pai perfeito, mesmo assim Adão de desviou e caiu pois ele tinha, como nossos filhos, a capacidade de escolher.
Sabíamos que erros haviam sido cometidos e ao longo dos anos aqueles que o Senhor foi nos mostrando pedimos perdão para elas, pedimos também que elas próprias nos dissessem algo específico que tivéssemos feito, mas elas sempre nos tranquilizaram a respeito disto.
A SEGUNDA FASE: Questionamento
Uma madrugada me acordei as 4h da manhã e a Caren não havia chegado, sentei na sala e comecei a chorar questionando o Senhor. — Senhor para que nos dedicamos tanto? Ensinamos a te amar, com palavras e testemunho porque te amamos com todo nosso coração, mas de que valeu tudo isso? Por que não me responde Senhor preciso de uma resposta. Chorei muito e clamei mas tudo estava quieto e silencioso. Então sequei minhas lágrimas e abri a Palavra no livro que estava lendo naquele mês, era Jeremias capítulo 31 quando cheguei no versículo 15… tive a certeza de que o Senhor estava falando comigo. “Assim diz o SENHOR: Ouviu-se um clamor em Ramá, pranto e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável por causa deles, porque já não existem. Assim diz o SENHOR: Reprime a tua voz de choro e as lágrimas de teus olhos; porque há recompensa para as tuas obras, diz o SENHOR, pois os teus filhos voltarão da terra do inimigo. Há esperança para o teu futuro, diz o SENHOR, porque teus filhos voltarão para os seus territórios.”
Deus nunca nos deixa sem resposta, Ele sabe como comunicar a sua vontade de maneira que entendamos e esta Palavra serviu de esperança e de certeza por anos, Ele mesmo traria minhas filhas do território inimigo. Então com esta Palavra a fase do questionamento se foi e fomos vencendo cada dia o seu mal.
TERCEIRA FASE – Cobrança
Mas o tempo passou e já faziam 6 anos e elas continuavam no caminho do mundo, cada vez pior. Foi ai que me lembrei da Palavra recebida, então cobrei o Senhor: — Senhor tu me deu uma palavra e já faz 6 anos, já é hora de se cumprir, até quando vamos ter que esperar? Como sempre a Palavra de Deus está presente nestas conversas com Deus pois quando não consigo ouvir a voz do Senhor pela oração a sua Palavra me acalma, traz fé e esperança. Abri no livro de Isaías, era o livro da minha leitura diária naquele momento, capítulo 43: 5-7: “Não temas, pois, porque sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente e a ajuntarei desde o Ocidente. Direi ao Norte: entrega! E ao Sul: não retenhas! Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz.”.
A resposta de Deus veio com muita autoridade e misericórdia, daquele dia em diante não ousei mais cobrar ao Senhor, finalmente entendi que Ele estava no total controle e que eu apenas precisava confiar. Minha fé na sua Promessa se tornou inabalável e ainda que eu morresse antes, a Promessa de Deus se cumpriria.
FINALIZANDO
Os anos foram passando e poderia contar tantas outras experiências e outras Palavras de consolo mas quero finalizar contando a mais recente experiência que tive com o Senhor. Toda vez que chegávamos para os encontros da igreja algum irmão ou irmã vinham nos perguntar como estavam as meninas. Confesso que embora tivéssemos tantas coisas boas para contar, pois elas são filhas maravilhosas, doía dizer que ainda estavam desviadas. Mas nestas abordagens sempre recebia uma Palavra de consolo, de ânimo e esperança e isto me dava forças para continuar confiando. Os irmãos nos amaram muito neste tempo, saber que minhas filhas estavam em suas orações me fortalecia.
Mas de repente uma palavra começou me trazer inquietação, não sei explicar mas toda vez que alguém dizia: — Maurien, crê que elas vão voltar pois a semente está plantada em seus corações. Eu ia para casa pensando nesta palavra “semente”, certamente Deus queria me dizer algo sobre isso mas fiquei um tempo sem saber, até que num encontro uma irmã começou compartilhar comigo uma descoberta feita em Israel. Sementes de Tâmara foram descobertas em cavernas e ruínas romanas de 2000 anos, próximas a Jerusalém. Quem as achou guardou por 10 anos por achar ser impossível que germinassem, pois estavam em um lugar sem luz, sufocadas em um pote fechado mas assim que foram plantadas na terra elas germinaram. Neste momento me lembrei de uma passagem de Jesus com seus discípulos: Mat 19: 25,26 “Quando os discipulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode então ser salvo? Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível”.
É difícil não deixar de pensar na parábola do semeador que fala da importância da terra no resultado da frutificação. Mesmo depois de tanto tempo havia vida naquela semente e a semente é a palavra de Deus, que nunca perde o seu poder de frutificação! Esta era a resposta que Deus estava tentando me mostrar: que Ele é a semente da vida e estava vivo dentro delas. Voltei para a parábola do semeador e aí entrei em crise novamente, pois lá mostra que o que muda é a terra em que foi plantada a semente. Que terra eram minhas filhas? Pensei que havia recebido uma resposta quanto a semente mas agora vi que o que importa é a terra aonde ela cai e nesta passagem fala de terra seca, pedregosa e com espinhos. Então orei: Senhor poque me mostrou isto, o que tu queres me ensinar? Pouco tempo depois uma irmã estava falando da flor do deserto o qual eu nunca havia ouvido falar. Sua origem é no deserto da África e na península da Arábia. O chamado deserto do Neguebe é árido, sem vida, e uma superfície de areia escaldante, mas guarda escondido as raízes e sementes vivas esperando pelas águas das chuvas que acontecem uma vez ao ano, as torrentes de águas que vem das montanhas e então o deserto floresce abundantemente. A terra pode ser pedregosa, areia escaldante mas quando vem o Espírito Santo de Deus derramando sua vida tudo floresce e a semente guardada por anos brota com vida.
Meus irmãos Deus vai derramar abundantemente suas chuvas sobre nós, vai fazer florescer não só os filhos mas também maridos, esposas, familiares e amigos para os quais temos testemunhado!
Centenas de turistas vão para aquela região esperando ver as torrentes de águas que descem uma vez por ano, mas nós podemos ir aos pés do nosso Deus que cumpre suas promessas, Deus é um Deus de família, Ele é Pai e quer seus filhos perto dEle, esperemos com confiança pela torrente do Espírito que vai lavando e fazendo frutificar o que pensamos estar morto.
Quero terminar lendo com vocês o Salmo 126: “Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o SENHOR tem feito por eles. Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres. Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe. Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.”
TESTEMUNHO DA FILHA
Caren
Meu nome é Caren, filha do Carlos e da Maurien. Tive o privilégio de ter nascido e sido criada dentro da Igreja, convivendo na casa de muitos pastores. Acontece, que quando tinha entre 19 anos de idade, eu me senti muito sozinha. Satanás encontrou uma brecha para criar uma série de mentiras na minha mente, e então eu decidi me desviar do caminho da verdade.
Durante 19 anos estive perdida. O sentimento de solidão que a princípio seria suprido pelo “Mundo” nunca foi. Satanás vinha e manipulava as situações dando uma falsa sensação de amor e acolhimento, e logo eu percebia que estava sozinha novamente. Foram diversas crises de ansiedade e depressão, um ciclo vicioso em que o Diabo tentou contra a minha vida diversas vezes, disfarçando soluções mundanas que só me entorpeciam e aprisionavam cada dia mais.
Como foi meu retorno? Katia hoje é uma amiga, mas eu a conheci em 2020, quando contratei ela como mentora de carreira e depois fizemos outros projetos de trabalho juntas. Combinei de encontrá-la para tomar um café em São Paulo, agora em set/2022 com a intenção de falar de novos projetos que poderíamos trabalhar juntas. Foi então que ela me conta que se converteu em Julho, e como Deus era bom. Ela estava tão maravilhada e contando do amor de Deus, e no meio de seu testemunho, lembrou que eu contei em uma das sessões de mentoria, que nasci em um lar Cristão. Foi a deixa para ela me encher de perguntas sobre a vida e a obra de Jesus. A palavra estava viva dentro de mim. Eu lembrava de texto memorizados na infância. Katia me perguntou sobre o propósito de Deus e eu respondi: “o propósito de Deus é ter uma família de muitos filhos semelhantes a Jesus”. Acontece que falei alto essa parte (talvez emocionada ou provavelmente é só de família mesmo esse jeito de falar alto). E na mesa ao lado tinha 3 homens que ouviram e se viraram para nós, e um dele levanta as mãos para o céu e fala mais alto ainda: “Glória a Deus, a palavra do Senhor ecoa dentro dessa cafeteria”. Esse é o apóstolo Miguel da Igreja presbiteriana ICAP em Barueri, que ministrou comigo e a Katia, orou e profetizou cura sobre nossas vidas.
Nas duas semanas depois desse acontecido, várias vezes quando eu pensava em orar e ler a palavra, muitos pensamentos de acusação de satanás vinham na minha mente, de que eu não merecia esse amor de Deus. Mas tinha um sentimento forte de que eu deveria procurar o Senhor. Então eu decidi que não aceitaria mais essas mentiras, eu havia recebido amor de Deus e não abriria mais mão desse amor. O processo de limpar e fortalecer a minha mente em Cristo, se iniciou com jejum e oração, leitura da palavra ao acordar e antes de dormir, e a comunhão com os irmãos.
O sentimento de solidão vem quando não temos comunhão com Deus. Meus pais me perguntaram algumas vezes o que eles poderiam ter feito diferente. Nada! A decisão de me afastar foi por causa do pecado, que iniciou com falta de relacionamento diário com Deus. A decisão de voltar para o Senhor foi pelo amor de Deus, que me resgatou de um mar de acusações do diabo.
Outra forma de experimentarmos o amor de Deus é nos relacionamentos dentro da Igreja. Por isso, peço perdão por ter escandalizado vocês e peço perdão a meus pais pela falta de obediência. Agradeço a Deus pelo amor da minha Família e da Igreja nas orações durante esses 19 anos. Hoje estou livre e transformada pelo amor de Deus, e posso dizer que amo vocês no amor de Cristo.
Comentário (1)
Danna Gherman Gonçalves da Silva| 12 de janeiro de 2023
lindo o testemunho dessa família. Nós alegramos com vcs aí.louvado seja o nome do Senhor. amamos vcs Vasni e Danna de Blumenau.