SÉRIE: A VIDA NORMAL DA IGREJA (A graça de Deus, Atos 15)

Semana de 3 a 9 de abril de 2022

Ao pregar o evangelho e constituir a igreja de Cristo em cidades da Galácia, os apóstolos tiveram que se posicionar diante de uma situação: os gentios que abraçaram o evangelho precisariam circuncidar seus filhos, tal como faziam as famílias de origem judaica? Paulo e Barnabé estavam ministrando aos gentios e não haviam exigido ou recomendado isso, mas algumas pessoas vindas de Jerusalém disseram aos irmãos que, se eles não praticassem a circuncisão segundo a lei de Moisés, não poderiam ser salvos, o que certamente gerou muita dúvida e colocou um fardo pesado sobre os que se converteram a Cristo.

Por causa disso, os apóstolos se reuniram em Jerusalém, junto com Paulo e alguns dos seus companheiros, para discutirem o assunto. A questão não era somente a circuncisão, mas a relação desta e de outras práticas do judaísmo com a salvação. Nesse encontro, a palavra de Pedro (Atos 15.6-11) foi muito importante para definir não apenas o tema da circuncisão, mas uma linha divisória entre o judaísmo e aquilo que deveria ou não ser observado pelos discípulos de Jesus.

Pedro destacou a essência da salvação que nos foi concedida em Cristo, pela graça, mediante a fé, a qual alcança judeus e gentios sem qualquer distinção. Paulo e Barnabé também testemunharam a alegria de ver a transformação que o evangelho produziu entre estes povos, que antes estavam separados de Deus, mas que agora foram reconciliados, não por obras, mas somente pela fé.

Por fim, firmada esta importante coluna da verdade que sustenta a igreja de Cristo, os apóstolos recomendaram aos novos convertidos que não se colocassem debaixo do peso da lei mosaica, mas fossem livres para viver pela fé o evangelho que haviam recebido, o que não significa que não precisassem observar princípios comuns presentes na lei e nos profetas, e também no ensino de Jesus: evitar idolatria, imoralidade sexual e práticas alimentares provavelmente ligadas a rituais pagãos.

Essa carta foi recebida com alegria pelos irmãos e foi decisiva para o andar da igreja daí para frente, porque cumprir a lei de Moisés não é requisito para a salvação. 

Mais tarde, escrevendo aos Gálatas, povo onde surgiu o debate descrito no capítulo 15 de Atos, Paulo reafirma o que foi decidido naquele tempo em Jerusalém: para liberdade foi que Cristo nos libertou (Gl 5.1). Se voltarmos à prática de observância da lei como requisito para salvação, precisaremos cumprir toda a lei, o que é impossível para o homem natural. 

Esse é o ponto que ainda hoje precisamos lembrar. Talvez não tenhamos dúvidas relativas à circuncisão, mas podemos nos basear no cumprimento de regras como o meio para nos achegarmos a Deus. Uma vida moralmente elevada, digna de elogios por parte dos homens, não nos capacita a estar diante do Senhor que é totalmente santo e considera nossa justiça própria como “trapos imundos”. 
Por outro lado, uma vez salvos da ira, regenerados e colocados em livre comunhão com Deus, a mesma graça que é poderosa para nos livrar da condenação vai nos santificar dia a dia, produzindo em nós atos de justiça, para que sejamos agradáveis ao Senhor.

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